sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Maia X Guedes

                 

         O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) decidiu romper relações com o Ministro da Economia, Paulo Guedes.  Nesse sentido, Maia anunciou que a partir de agora passará a tratar com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, sobre votações importantes, como a reforma Administrativa, porque Guedes proibiu o diálogo dele com os secretários da área econômica.

                Maia deu a declaração logo após haver recebido a proposta da reforma administrativa do governo das mãos do ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, que representou o Presidente Bolsonaro - que está em viagem pelo interior de São Paulo. Ali mesmo, o presidente da Câmara tornara público o novo confronto com o Ministro Guedes e, a propósito, contou que o ministro proibira integrantes da equipe econômica de dialogar diretamente com Maia.

                    "Eu não tenho conversado com o ministro Paulo Guedes. Ele tem proibido a equipe econômica de conversar comigo. (Anteontem) a gente tinha um almoço com o Esteves - chefe da Assessoria Especial de Relações Institucionais, e com o Secretário do Tesouro (Bruno Funchal) para tratar do Plano Mansueto, e os secretários foram proibidos de ir à reunião", disse Maia, em entrevista a Globonews.

                       O almoço - que seria na casa do Presidente da Câmara - acabou cancelado. "Foi encerrada a interlocução", disse ele. Sem querer dissimular a briga, Maia afirmou que suas tratativas agora serão com Ramos, mesmo em assuntos econômicos.

                        A cerimônia de entrega da Reforma Administrativa havia sido planejada pelo governo  para marcar um bom momento do relaciona-mento entre o Planalto e o Congresso.  Lá também estavam os líderes  do governo e Maia fez questão de agradecer Bolsonaro e alguns ministros, mas em nenhum momento citou Guedes.  Sem embargo, logo após elogiar tanto o encaminhamento, quanto o conteúdo da reforma administrativa, Maia tornaria pública a queda de abraço com o Ministro Guedes.

                          Indagado sobre o problema, o Ministério da Economia informou que não comentará o assunto.  Sem embargo, nos bastidores o clima é tenso com comentários de que Maia "apunhala pelas costas". Mas em conversas reservadas, alguns auxiliares de Guedes lembram que o tempo  do presidente da Câmara "está acabando". 

                             Não é de hoje que a relação entre Maia e Guedes está estremecida (a reforma da Previdência e a pandemia têm muito a ver) e nessa briga de comadres, desde abril os dois deixaram de se falar.

                              Se o chefe da Economia nunca gostou da proximidade de Maia com Mansueto Almeida, então Secretário do Tesouro. Maia, por sua vez, acha que Guedes quer afrontá-lo, ao fazer afagos ao deputado Arthur Lira (AL), líder do Progressistas e comandante do Centrão, que, vejam só, está de olho em sua cadeira na Câmara (vale dizer, a presidência da Câmara...) . Como se verifica o poder e seus cenários tendem a contri-buir quer para o maior peso dos personagens, quer para uma eventual situação que não difere muito de uma briga de comadres...

( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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