Venezuela. Hugo Chávez determinou a expulsão de dois dirigentes da ‘Human Rights Watch’. O motivo ? A publicação de relatório fundamentado sobre o desrespeito dos direitos humanos na Venezuela. Ordenada pessoalmente por Chávez, a expulsão do chileno José Miguel Vivanco, diretor para as Américas da HRW, e do americano Daniel Wilkinson, subdiretor, e sobretudo a maneira com que foi realizada não faria vergonha a regimes totalitários. Uma vez publicado o relatório, que se cinge a consignar as ações do regime de Chávez contra a democracia, os dois representantes da Human Rights Watch foram detidos e conduzidos para o aeroporto de Caracas, onde os fizeram embarcar em vôo da Varig para São Paulo. Não tiveram direito a se comunicar com ninguém, nem muito menos contestar processualmente a expulsão. Desativados os respectivos celulares e impedidos de se comunicarem por cerca de vinte esbirros, Vivanco e Wilkinson viveram como ‘pioneiros’ a experiência de serem os primeiros a serem expulsos de uma república latino-americana. Pela arbitrariedade de sua ação e pela sua forma abrupta Chávez confirma a procedência das acusações que lhe são feitas. É, portanto, certa a posição do Congresso brasileiro ao arquivar na prática a pretensão da Venezuela de ingressar no Mercosul, pelo seu descumprimento da cláusula democrática.
África do Sul. Thabo Mbeki, o sucessor de Nelson Mandela, no poder desde 1999, deverá renunciar em breve por falta de condições políticas de completar o mandato. Mbeki, que obviamente não tem a grandeza de seu predecessor, alcançou durante os seus dois mandatos (foi reeleito em 2004) bons resultados em termos econômicos. Dentre os seus erros maiores, está o apoio abstruso que concedeu à Ministra da Saúde que favorecia um ‘approach’ supostamente africano para o tratamento da Aids (através do recursos a curandeiros), não privilegiando os medicamentos tipo AZT e outros no combate ao HIV; e o estranho apoio que concedeu ao ditador Mugabe, do Zimbabwe, o que permitiu a farsa do segundo turno naquele país, com o afastamento da cédula do líder da oposição Morgan Tsvangirai (que vencera o primeiro turno). Mesmo agora, quando decidiu participar mais ativamente da solução da crise no Zimbabwe, a sua intervenção não teve a energia e a determinação dos bons ofícios do ex-secretário geral das Nações Unidas, Kofi Anan, que lograra uma efetiva composição política, ensejando acordo viável entre o presidente e o líder da oposição, o que tornou possível a paz civil e a governabilidade no Quênia.
Thabo Mbeki teria intentado prolongar o processo contra Jacob Zuma, buscando influenciar o Ministério Público para recorrer da sentença favorável ao presidente do Congresso Nacional Africano. O processo contra o chefe do A.N.C. , acusado de corrupção, fraude e tentativa de formação de quadrilha, havia sido terminado por sentença da Alta Corte sul-africana, que se baseou em aspectos processuais. No entanto, quando transpirou o envolvimento de Mbeki na tentativa de afastar o adversário político por meios judiciais, a instância diretiva de seu partido solicitou formalmente a sua exoneração. Mbeki anunciou então que deixará suas funções, depois de cumpridas as formalidades constitucionais. Como a primeira Vice-Presidente (e adepta de Mbeki) já significou que também renunciará, existe a possibilidade de que o Congresso sul-africano eleja um de seus integrantes para mandato- tampão.
domingo, 21 de setembro de 2008
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