DOS JORNAIS - XI
O GLOBO - 03.09.2008
FOLHA DE S. PAULO
Amplo noticiário sobre a ‘inauguração’ do pré-sal, pelo Presidente Lula, em plataforma a 112 km da costa, do primeiro poço, no campo de Jubarte. Nessa oportunidade, em meio ao júbilo pelo importante descoberta, e com as mãos ritualmente marcadas pelo petróleo, o Presidente declarou: “Eu tenho tanta sorte que acho que Deus passou por aqui e resolveu ficar. Porque a sorte aumenta a cada dia.”
Visão de um cidadão.Não há dúvida de que estamos diante da próxima aquisição pela Nação brasileira de enorme riqueza. As palavras do hino ressoam com ênfase presciente, ao afirmarem que o Brasil está deitado em berço esplêndido. O contentamento é válido e decerto merecido. Tais conquistas não ocorrem por acaso. Graças à tecnologia desenvolvida pela Petrobrás, criada, é bom lembrar, pelo Presidente Getúlio Vargas, se podem explorar os lençóis em águas profundas. Se a profundidade ora aumenta, e se as conseqüentes dificuldades da empresa estenderão os prazos em que essa considerável riqueza se achará realmente disponível, devemos aproveitar esse espaço de tempo para que aporte tão substancial possa ajudar-nos a realmente desenvolver o Brasil.
Precisamos, dessarte, evitar os erros do passado. Conforme nos ensina mestre Jaime Cortesão, o ouro de Minas Gerais, gasto com prodigalidade pelos soberanos portugueses, se escoou em boa parte, por força dos ruinosos termos de intercãmbio entre Portugal e a Inglaterra estabelecidos pelo tratado de Methuen, para os cofres da City e daí serviu para financiar a colonização da Nova Inglaterra ! Simplificando, Minas contribuíu com o seu ouro (e diamantes) para alavancar o desenvolvimento de o que seriam os Estados Unidos !
Há outros exemplos de riquezas desperdiçadas. Longa seria a enumeração de perdidas oportunidades na efetivação do potencial de nosso país. Se o Brasil já alcançou resultados significativos, ainda existem demasiadas lacunas em nosso projeto nacional. É hora, portanto, de ter presente o interesse da Nação e não ambições corporativas. Evitemos os gastos suntuários e a má utilização dos recursos futuros do pré-sal. Esses recursos pertencem à Nação. Não os pulverizemos em gastos clientelistas e em despesas improdutivas. Pensemos grande, nunca em proveitos sectários, corporativos e que tais. Não é para projetos demagógicos, para engordar a burocracia, e para aquinhoar feudos que se desenvolveu esta tecnologia para desenvolver tais recursos de nossa terra.
O projeto Brasil ainda enfrenta muitos pontos de estrangulamento. Com o fundo do pré-sal é mister priorizar a saúde, a sanidade pública, a educação em todos os níveis, a recuperação das rodovias e a construção de ferrovias, a criação de uma sociedade mais justa no campo e na cidade, o fortalecimento da segurança para a grande maioria da população honesta, e o combate aos feudos ou áreas em que o Estado está ausente. Não será através do assistencialismo que desenvolveremos o nosso país. O brasileiro não carece de caridade. Ele precisa, ao invés, viver em ambientes dignos, longe do desgoverno e da corrupção. Ele tem direito a educação, saúde e emprego. Se nos livrarmos da burocracia – essa herança da colônia – e se não encararmos os recursos do pré-sal como uma pródiga dádiva , poderemos ambicionar a que o Brasil deixe, por fim, de ser o eterno país do futuro.
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
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