Eleições Americanas
Há dois fatos importantes no cenário político americano, ao entrar-se na fase decisiva da campanha eleitoral, após as Convenções de Denver (democratas) e de St. Paul (republicanos) e a passagem do feriado do Dia do Trabalho estadunidense, que marca a retomada plena das atividades, findo o período estivo. De um lado, o chamado fator Sarah Palin (Vide Dos Jornais IX) e de outro, a vantagem assumida por John McCain sobre Barack Obama nas pesquisas de opinião.
De início, semelha importante assinalar que a escolha da governadora do Alaska por McCain representa momento determinante na campanha do candidato republicano. Em seu discurso na Convenção Sarah Palin trouxe o testemunho da chamada América profunda e constituíu um êxito imediato. Do dia para a noite ela se tornou uma celebridade, encantando larga faixa do eleitorado, que preza as convicções firmes e as idéias simples. Em seu confronto com o Senador Joe Biden, o candidato a Vice democrata, Sarah Palin mostrou encontrar-se em outro nível de grandeza. Biden seria o político tradicional, o veterano de Washington, cujos longos discursos não galvanizam o auditório como as tiradas da governadora do Alaska.
Dentro dessa ordem de idéias, Sarah Palin é vista como um trunfo (asset) para o candidato republicano, a ponto de que John McCain e a direção de sua campanha se venham empenhando em preservar a candidata a Vice, que é apresentada em eventos mas não submetida a perguntas de repórteres mais inquisitivos.
Ainda sob o aspecto do impacto da antes desconhecida Sarah Palin sobre a campanha republicana, há consenso quanto à grande influência exercida pela candidata a Vice sobre a progressão de McCain nas pesquisas. Assim, na chamada ‘pesquisa das pesquisas’ (poll of polls) da CNN, por primeira vez John McCain ultrapassou o seu rival democrata B. Obama, com 47 % contra 45 % dos votos.
Há evidente desconforto no lado democrata com essa evolução. Como Obama não pretenda atacar diretamente Sarah Palin, os seus assessores voltam a pensar que talvez seja útil recorrer à Senadora Hillary Clinton na tentativa de desconstruir a vice Palin e a limitar o seu poder de atração eleitoral. Não terá sido por acaso que agora se ventile o próximo encontro de Obama com o ex-Presidente Bill Clinton.
Ainda é muito cedo para considerar a campanha perdida para os democratas. No entanto, em sua última vitória sobre os republicanos, Bill Clinton já tinha em setembro uma vantagem substancial sobre o seu contendor, o Presidente George Bush senior. O mesmo vem ocorrendo em campanhas vencidas pelos republicanos, como nos exemplos de George Bush senior (contra M. Dukakis) e George Bush junior (contra J. Kerry). Se não é um sinal definitivo, constitui um aviso sério de perigo para o candidato, ao achar-se em desvantagem para o seu rival na semana posterior ao Labor Day.
Sem dúvida, a reação de McCain desperta admiração. Diante da desmoralização da atual administração, das crises do Iraque, do furacão Katrina e a própria recessão na economia americana, surpreende que um candidato como McCain possa ter fama de independente se tem apoiado a administração Bush em noventa por cento das votações no Senado. Maior estranheza provoca a circunstância de que a gestão desastrosa da economia por Bush não se reflita em McCain, que pode motivar o eleitorado batendo na tecla da mudança (change). Decerto, as sortes ainda não foram lançadas, mas o candidato democrata – com a vocação de seu partido em perder eleições ganhas – terá de repensar a própria estratégia se não deseja seguir as pegadas de Al Smith, o primeiro candidato católico a Presidente, derrotado em 1928 por Herbert Hoover. É de crer-se que Obama deseje entrar para a história não por ser o primeiro candidato negro a Presidente, mas por tornar-se o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
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