Eleições Americanas – Escolha do Sen. Joe Biden como candidato a Vice de Obama
Barack Obama escolheu o Senador Joe Biden como seu companheiro de chapa. A motivação seria a de trazer alguém experiente em matéria de política externa, terreno em que Obama não tem grande familiaridade. Segundo tal raciocínio, Biden - Senador pelo pequeno estado de Delaware, e presidente da Comissão de Relações Exteriores na Câmara Alta – supriria esta lacuna. A propósito, cabe perguntar em que campo Obama se assinalaria pelo conhecimento. A par da oratória e do carisma, o senador por Illinois nunca demonstrou, em seus debates com Hillary Clinton, segurança também em matéria econômica, que constitui assunto de particular interesse para o povo americano, ora às voltas com grave recessão, de resto, um dos legados da Administração de Bush júnior. A despeito de instado a precisar suas propostas, Obama preferiu manter-se em generalidades – como o seu lema de “Mudança” (change) – esquivando-se de entrar em pormenores (que poderiam seja pôr a nu a pouca substância de suas idéias, seja, o que seria pior, alienar correntes de opinião). Com efeito, a habilidade política constitui um de seus principais trunfos,habilidade essa que já evidenciou ao concorrer sem adversários ao senado estadual do Illinois. Logrou a façanha ao valer-se de tecnicalidades pela comissão eleitoral do estado para impugnar as duas candidaturas rivais.
Mas voltemos ao presente. Segundo o grupo de Obama, o candidato democrata teria feito a escolha de Joe Biden para reforçar a sua chapa. Na verdade, quero crer que a real escolha ele a tinha feito anteriormente, ao preterir a candidata natural para vice. Parafraseando a célebre pergunta de Stalin, de quantos votos dispõe o candidato selecionado ? O aporte será negligenciável, mas não é isto o mais importante. Ao optar por ignorar aquela que traria considerável número de votantes (que não morrem de simpatias por ele), Barack Obama indica que pode ser hábil em jogadas menores, porém não em questões maiores. Faltou-lhe a serenidade necessária para transcender os pequenos rancores, e a grandeza indispensável para reforçar a própria candidatura, e transformá-la em uma de união do partido democrata.
Se o partido de Roosevelt, Truman e Bill Clinton não conseguir recuperar a Casa Branca em novembro próximo, talvez a causa determinante esteja no denegar a Hillary Clinton e a seus partidários uma composição honrosa e profícua para os interesses dos democratas. Como já foi dito, se os democratas, depois da desastrosa administração de Bush júnior, e dos descalabros da invasão do Iraque, do furacão Katrina, e da crise econômica, ainda assim conseguirem perder uma vez mais para os republicanos, eles se terão assinalado por colossal incompetência política.
O jogo político americano entra agora em sua fase decisiva. Por força da Convenção de Denver, os percentuais de Obama poderão registrar alguma recuperação. No entanto, com a sucessiva Convenção republicana, é de esperar-se a reação de John McCain.
Adentrando a reta final da campanha, quais são os trunfos dos candidatos? Obama, por óbvias razões, dispõe do eleitorado afro-americano, e também dos segmentos de eleitores jovens e de maior nível de instrução. McCain, dos estados sulistas, dos setores conservadores e evangélicos. E os correligionários de Hillary Clinton (latinos, mulheres, em especial as mais idosas, e o setor operário) que correspondeu na verdade à metade dos votos democratas ? O tratamento dispensado à sua candidata os levará acaso a vencer as próprias desconfianças quanto ao candidato Obama ? Resta saber se Barack Obama ainda reserva alguma surpresa para os partidários de Hillary. Será que com toda a sua ‘habilidade política’ alcançará reforçar as suas fileiras, malgrado esta decisão que pouco ou nada acrescenta para um resultado favorável em novembro? Só o futuro o dirá.
sábado, 23 de agosto de 2008
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