DOS JORNAIS (VIII) 27.08.2008
O GLOBO
FOLHA DE S. PAULO
Convenção Democrata de Denver. O discurso de Hillary Clinton na Convenção de Denver, ansiosamente esperado pelos partidários do candidato Barack Obama, assinalou-se pela grandeza – que a Senadora por New York já mostrara em sua alocução aos seus correligionários, quando suspendera a sua campanha, ao final das primárias (V. meu blog sobre o assunto).
Em suas palavras no segundo dia da Convenção, Hillary não foi apenas generosa com o seu ex-rival, que não a tratou com a deferência que não só ela fazia por merecer, senão o próprio partido, se realmente deseja vencer os republicanos de John McCain em novembro.
Hillary não deixou de sublinhar os grandes temas da sua campanha das primárias, e em especial a reforma da saúde, com a extensão da assistência médico-hospitalar a todos os americanos. Enfatizou a necessidade de os democratas recuperarem o governo, de modo a que os oito desastrosos anos de Bush não se prolonguem em mais quatro de McCain.
É decerto preocupante que o eleitor estadunidense, por força de uma série de circunstâncias, se esteja rapidamente esquecendo de o que é a Administração Bush (guerra no Iraque, crise econômica, perda de prestígio internacional, o crescente déficit público, o descalabro ocasionado pelo furacão Katrina, etc.), a ponto de reservar por ora o empate técnico ao candidato republicano (que no essencial não se dissocia das posturas da atual administração). É inquietante para os democratas essa involução e no entender desse colunista a solução do problema deve ser encontrada – se possível – no próprio campo do partido de John Kennedy, Lyndon Johnson e Bill Clinton.
Eleições Municipais – “Saúde: agora é guerra” (O Globo – pág. 03)
Em uma questão importante, como a do combate à dengue, os governos estadual de Sérgio Cabral e municipal de Cesar Maia não estão de acordo. Depois da grave epidemia de dengue desse último verão, em que a atuação da prefeitura, seja nas suas gritantes falhas no trabalho de prevenção à proliferação do mosquito Aedes Aegipti, seja nas estranhas declarações do senhor prefeito (que depois de negar a epidemia, suplicou ao mosquito que voasse para o mar), foi objeto de um tratamento bastante leniente pelos meios de comunicação, provoca espécie que volte a causar polêmica entre Estado e Município. Seria de esperar que o Senhor Maia, ao invés de atacar as Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) com insinuações e casuismos, reconhecesse a necessidade de combater o flagelo. Aparentemente, tal não é a posição do Prefeito e de sua candidata, quando a hora seria a de somar forças para que a desgraça não se repita no próximo verão. O governo estadual de Sérgio Cabral só incrementou a sua participação no combate à dengue diante da incompreensível apatia dos serviços da prefeitura em reconhecer a crise e em trabalhar para debelá-la. No passado o Governador Cabral mostrou empenho em enfrentar o desafio da dengue, cuja persistência é uma acusação perene quanto à inoperância dos serviços municipais competentes no Rio de Janeiro, aparentemente mais preocupados em aventar razões da dificuldade nesse combate do que em assumir a missão de lutar contra o mosquito. O eleitor não é tolo e saberá distinguir entre de um lado os que procuram debelar as causas da epidemia e reforçar o atendimento médico, e de outro, os fabricadores de factóides e de argumentos que intentam desviar a atenção do que realmente importa.
Guerra no Cáucaso ( Folha de São Paulo, pág. 01)
Assistimos a clara involução nas relações internacionais, com a retomada de parte da Rússia da vocação imperialista dos czares e dos comunistas. Sob o domínio do regime forte de Vladimir Putin - aliás a respeito dessa construção política prometo discorrer mais longamente no futuro - o Presidente Dmitri Medvedev ratificou a decisão da Duma (parlamento russo) que reconhecera a independência da Ossétia do Sul e da Abkazia. A par de ser manifesto desrespeito à soberania territorial da Geórgia, igualmente implica em um retrocesso diplomático, prenunciando possível deterioração das relações entre Estados Unidos e União Européia, de uma parte, e Rússia, de outra. A volta da guerra fria não mais é uma possibilidade acadêmica. Para que se tenha idéia do contra-senso da decisão do regime de Putin, cabe lembrar que o último episódio similar de invasão armada e constituição de ‘república’ à revelia do direito internacional público se verificou na década de setenta do século passado, com a expedição turca contra Chipre. Essa intervenção armada resultou na formação da República Turca de Chipre do Norte, que é um pária internacional (só é reconhecida internacionalmente por Âncara, que lá mantém quarenta mil soldados). Será o que deseja o Senhor Putin, ou quiçá a ‘independência’desses duas regiões da Geórgia representará apenas um passo para quem acalenta reincidir no secular vezo anexionista de Moscou, afinal incorporando Ossétia do Sul e Abkazia ao império russo ?
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
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