Com a realização na próxima semana da Convenção Democrata em Denver, recrudesceu a especulação acerca de quem Barack Obama irá indicar como seu candidato a Vice-Presidente. O Senador por Illinois resolveu a 21 do corrente comunicar à imprensa que já escolhera o nome de seu candidato e que oportunamente o revelaria. As possibilidades seriam de que o fizesse neste sábado, em comício em Springfield, Illinois, ou na própria Convenção.
Os mais falados como constantes da lista de Obama seriam os Senadores Evan Bayh (Indiana) e Joe Biden (Delaware) e o Governador da Virgínia, Tim Caine. Existem vários outros nomes que estariam dentre os possíveis. Ao contrário das notícias que circulavam após a desistência da Senadora Hillary Clinton à candidatura presidencial, quando reconheceu a vitória nas primárias de Barack Obama (V. blog anterior a respeito), não se atribuem grandes possibilidades ao nome da Senadora por New York, agora havida como um azarão para a formação da chapa democrata.
Interessante é a respeito a opinião do candidato independente Ralph Nader. Para ele, Hillary Clinton seria a escolha certa (smart choice) para integrar a chapa, porque é a única pessoa que pode carrear mais votos para Obama.
Apontando Hillary, Obama passaria mensagem de unidade no Partido Democrata, unidade essa de que os Democratas estão muito precisados se desejam vencer John McCain no pleito de novembro próximo. Com efeito, além da vantagem de Obama sobre McCain haver diminuído para apenas dois por cento (o que equivale a um empate técnico, por achar-se dentro da margem de erro das pesquisas), as consultas ao eleitorado têm fornecido ulteriores dados para a análise pela campanha do candidato democrata. Assim, somente pouco mais da metade dos sufragantes de Hillary nas primárias (52%) devem votar em Obama em novembro. Dos restantes 48%, 21% votariam em McCain e 27% estão indecisos. Verifica-se, por conseguinte, que se estendesse a mão para a sua companheira no Senado e ex-adversária nas primárias, Obama estaria sinalizando a sua opção pela unidade partidária para um grupo de votantes que não há de engrossar as fileiras de seu eleitorado em novembro se a sua candidata não receber o tratamento do cabeça de chapa a que julgam faz por merecer.
O bom senso político indicaria nesse sentido. Nada aproveitará a Obama designar candidatos a vice que não agreguem votos. Por outro lado, os republicanos estão utilizando com a habitual proficiência as falhas (reais ou presumidas) do Senador por Illinois, notadamente inexperiência em assuntos externos e vagueza de suas propostas para a economia. Como assinalara anteriormente, tais deficiências estranhamente muito importaram para a sua anterior adoção pela mídia, não só por ser um candidato menos ‘ameaçador’ do que Hillary para o establishment, senão e a fortiori por ser mais vulnerável aos ataques dos consultores republicanos, de que o finado Lee Atwater (eleição de Bush senior) e Karl Rove (eleição de Bush junior) mostram sobejamente tanto a habilidade politiqueira, quanto o escasso compromisso com a ética.
Caberia, portanto, esperar que Barack Obama possa evidenciar um superior tirocinio político. Tal só será possível se lograr superar as mágoas e os pequenos rancores próprios e de seus correligionários mais próximos. Não será por temer uma eventual influência do ex-Presidente Bill Clinton em sua administração que será acertado escolher para companheiro de chapa um vice sem maior expressão popular. Se julgar oportuno preterir a pretensão de Hillary Clinton, poderá sem o saber estar golpeando a própria candidatura. De que lhe servirá perder em novembro para mais um republicano, e ao invés de suceder a um dos piores presidentes da história americana, ser associado no futuro aos perdedores John Kerry (2004), Albert Gore Jr (2000) e Michael Dukakis (1990) ?
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
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