quarta-feira, 31 de março de 2021

De repente a volta no meio do caminho

     Os leitores estarão surpresos. Inabilitado por um tempo, o computador retorna ao que seria o seu terreno habitual. Em meio à crise institucional, aberta pelo Presidente da República, o Brasil refaz caminhos que não se pensara repetisse.

   Com efeito, como assinala a página primeira da Folha, por primeira vez na história, os comandantes militares pediram a trinta de março renúncia por discordarem do presidente da República.

    Nesses termos, diante da iniciativa dos três Comandantes, o novo Ministro da Defesa general Walter Braga Netto anunciou a demissão dos três, por ordem do Presidente Jair Bolsonaro.

     Como anuncia a Folha, o comando militar mostrou-se contrário à citada demissão, na segunda, 29 de março,  do antecessor  de  Braga Netto, general Fernando  Azevedo e Silva.

      Em tais termos,  o ex-ministro rejeitara a pressão do chefe do Executivo para que as Forças apoiassem o governo e ações de repressão a medidas de contenção social contra o coronavirus.

      Embora o contexto seja diverso, a inopinada saída do trio militar abre a maior crise nesta área, e a Folha logra compará-la  com outra crise ministerial, que data da ação do então presidente general Ernesto Geisel ao demitir, em 1977 o  Ministro da Guerra, general Sylvio Frota.

       Alude-se também à tensão surgida pelo espoucar da crise em dia que relembra o triste golpe militar de 31 de março de l964, contra o governo constitucional de João Goulart. 

        A notar-se outrossim, que a saída dos ministros militares abre a maior crise nesta área político-militar desde que o general Geisel demitira o citado ministro  Sylvio Frota.  A assinalar que  a primeira nota de Braga Netto como ministro  foi sobre a data, em que repetiu o tom antes adotado por Azevedo e Silva, ao situar o então golpe militar como se fora resposta a uma suposta ameaça contra a democracia. 

          Há  muito ainda a delimitar e a esclarecer no que tange à ação presidencial, e o   que motivara a reação presidencial, dada a circunstância de que o exonerado Azevedo e Silva sempre se pautara pela moderação no exercício de suas altas funções.

           Existe inegável ironia em que o ministro e os comandantes militares saiam por seus acertos. Segundo editorial da Folha, Bolsonaro só revela fraqueza ao tentar demonstrar força. Nesse contexto, a saída simultânea dos três comandantes das Forças Armadas mostra em seu ineditismo um presidente da República que parece desconhecer o real da corporação militar em uma Democracia. Dessarte, se não dispõe de amparo a seus arroubos autoritários, o  presidente buscaria exibir  fardados como eventual instrumento de intimidação.

            É forçoso reconhecer o patético no episódio.  Tanto o Ministro Azevedo e Silva, quanto os Comandantes saem por seus acertos. Na verdade, Bolsonaro só revela fraqueza ao tentar demonstrar força.

             Já no Congresso, foi depositado na instância competente um pedido de impeachment contra o Presidente da República.  Não é decerto o primeiro, enquanto o então Chefe da Comissão competente na Câmara dos Deputados terá recebido vários, a que não teria dado seguimento por considerações próprias, a que só ele poderia responder. E, não obstante, a proposição do impeachment  volta à ribalta. O que dela será feito já é outra estória.

(Fonte: Folha de S. Paulo )


 

'Ditaduras vêm com intolerância, violência contra os adversários e falta de liberdade', diz Barroso

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso

que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 

escreveu um texto em defesa da democracia nesta quarta-feira (31), 

dia em que o golpe militar completa 57 anos. 

Barroso disse que "ditaduras vêm com intolerância, 

violência contra os adversário e falta de liberdade".

Barroso começou seu texto, publicado no Twitter, 

endereçando a mensagem para "as novas gerações". 

Nas palavras do ministro, só afirma que não houve ditadura no Brasil 

quem não viu "um adversário do regime que tenha sido torturado, 

um professor que tenha sido cassado ou um jornalista censurado".


O ministro lembrou também que não havia eleições livres. 

Ele afirmou que o atual período democrático, 

iniciado após a queda da ditadura, 

representou maior progresso social para o país.


"As regras eleitorais eram manipuladas. 

Ditaduras vêm com intolerância, 

violência contra os adversários e falta de liberdade. 

Apesar da crise dos últimos anos, 

o período democrático trouxe muito mais progresso 

social que a ditadura, 

com o maior aumento de 

IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] 

da América Latina", continuou Barroso.


O ministro citou exemplos de como funcionava a censura e 

lembrou de obras de arte 

que foram proibidas pelo regime. 


"Os jornais eram publicados com páginas em branco ou poemas. 

Os compositores tinham que submeter previamente suas músicas 

ao departamento de censura. A novela Roque Santeiro foi proibida e o 

Ballet Bolshoi não pôde se apresentar no Brasil 

porque era propaganda comunista", 

relembrou Barroso. 


"Tortura, cassações e censura são coisas de ditaduras, não de democracias", 

concluiu o ministro.


FONTE: JORNAL G1 

'Ditaduras vêm com intolerância, violência contra os adversários e falta de liberdade', diz Barroso | Política | G1 (globo.com)

sexta-feira, 5 de março de 2021

Visita de Papa Francisco ao Iraque

      Há temores em torno da projetada viagem  de Papa Francisco ao Iraque.  Compreende-se o interesse do Pontífice em visitar o Iraque, pela importância do país no contexto da fé católica. Contudo, Sua Santidade decerto não ignora que a sua peregrinação àquele país poderia desencadear  eventual onda de infecções pela covid-19

       Como tais temores já se teriam tornado realidade, as autoridades iraquianas se viram obrigadas a impor bloqueios na última semana. Autoridades xiitas naquele país suspende-ram programadas  peregrinações religiosas.  

       Não obstante, Papa Francisco, após mais de ano confinado no Vaticano, voará  hoje para Bagdá em um dos momentos mais conturbados da pandemia. Dado o problema terrorista e ataques suicidas com foguetes, é decerto decisão difícil à tomada pelo Sumo Pontífice : 'Depois de amanhã (hoje, cinco de março) se Deus quiser, vou ao Iraque para uma peregrinação de três dias. (...) "Peço que acompanhem esta viagem apostólica com a oração, para que ela ocorra da  melhor maneira possível e dê os frutos que se esperam. O povo iraquiano nos espera."

         Papa Francisco foi vacinado em meados de janeiro e, embora tenha sido criticado por se recusar a usar máscaras em audiências privadas, ele pediu aos países ricos que dêem vacinas aos mais pobres e chamou a recusa de alguns em se vacinar de  "suicida".

          A comitiva de Francisco também foi imunizada, mas existe preocupação de que visita pastoral projetada em grande parte para trazer paz e encorajamento aos cristãos do Iraque, possa vir a converter-se  em  evento potencialmente disseminador de covid-19. 

           Dentro desse quadro, o jesuíta Antonio Spadaro, que é próximo de Papa Francisco, se referiu à questão: "Há uma preocupação de que a visita do Papa não coloque em risco a saúde das pessoas,  isso é evidente". Ao reconhecer que há uma consciência do problema, o jesuíta tem presente o risco envolvido, e se espera que  tal dificuldade  possa vir a ser superada.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )  

 

Festival de Horrores - Bolsonaro: " Chega de frescura e mimimi"

    Em enésima demonstração de falta de sensibilidade para a crise,.  Bolsonaro diz 'Chega de frescura e mimimi' . Para Sua Excia. "Vão ficar chorando até quando? Temos que  enfrentar os problemas". 

    Bolsonaro criticou as medidas de restrição impostas por governadores e prefeitos, para tentar conter o agravamento da crise sanitária, em evento  de inauguração de trecho da ferrovia  Norte-Sul, em São Simão (GO): "Até quando vamos ficar dentro de casa? Até quando se vai fechar tudo? Ninguém aguenta mais isso" (sic) 

    Contrário a medidas de fechamento, o presidente elogiou o "homem do campo" por ter continuado a produzir durante a pandemia. "Vocês (produtores rurais) não ficaram em casa, não se acovardaram."

     Ontem, quatro de março, grupo de 14 governadores enviou carta ao Presidente, cobrando a 'imediata' compra de vacinas. Por outro lado, procuradores de 24 Estados  e do Distrito Federal recomendaram que o Ministério da Saúde tome medidas urgentes para evitar a disseminação da doença.

     Nesse sentido, ainda segundo o Estado de S. Paulo, estudo feito pela Fiocruz em oito estados sulinos e nordestinos, verificou a prevalência das variantes (cepas) do coronavirus em pelo menos seis de nossos estados. Dessarte, com a disseminação sem controle, cientistas temem que o Brasil se torne uma espécie de "celeiro" de mutações, o que dificultará ainda mais o combate à pandemia. 


( Fonte: O Estado de S. Paulo )  

quinta-feira, 4 de março de 2021

Continua a corrida infernal nas mortes

       Diante da aceleração alarmante da pandemia no Brasil, que ontem, dia três março, teve o  quinto recorde de mortes  pela Covid-19, com 1840 vítimas,  as medidas restritivas pelos governadores buscam frear o contágio e tentam criar condições para desafogar os hospitais lotados. 

       Dessarte, o mais poderoso deles, a partir de zero hora de sábado - São Paulo - entrará na fase vermelha por quinze dias, e só setores essenciais, entre eles escolas, ficarão abertos.  No Rio de Janeiro, a partir de sexta bares e restaurantes só poderão funcionar entre 6h e 17 hs, com limite de ocupação, e será proibida a permanência em espaços públicos entre 23h e 5 hs. Pergunto-me como será com as praias, em que até o momento o distanciamento social como  em Ipanema  não está sendo observado com algum rigor, como esta coluna já o assinalou. 

        Segundo noticia ainda O Globo, o ministro indicado pelo Presidente Bolsonaro para a Saúde, que é o intendente do Exército Eduardo Pazuello, declarou a três do corrente que vai fechar a compra de 99 milhões de doses com a Pfizer, e  que negocia também  a aquisição do imunizante da Janssen. Não se poderia excluir que a vacina de gospodin Putin, a Sputnik venha a ser incluída.  Como assinala o Estadão " isso após meses rejeitando  propostas dessas empresas". 

( Fontes: O Globo e Estado de S. Paulo )        

quarta-feira, 3 de março de 2021

A primeira dose protege o idoso, segundo dados britânicos

       Dados do governo de Sua Majestade mostram que uma dose da vacina Pfizer/Biontech ou Oxford/AstraZeneca evitam hospitalização de idosos  com mais de 70,  quatro semanas  após aplicada. 

        De acordo com os  números levantados pela Public Health England (PHE), a primeira dose do imunizante da Pfizer reduziu de 57% a 61% o aparecimento de sintomas de Covid-19 e a da AstraZeneca, de 60% a 73%.

         Para os maiores de oitenta anos, o resultado foi ainda mais expressivo: uma dose de qualquer uma das vacinas é mais de 80% eficaz na prevenção da hospitalização, cerca de 3 a 4 semanas após aplicada de acordo com o relatório britânico. Há indícios de que o produto da  Pfizer  reduza em 83% as mortes.


( Fonte: Folha de S. Paulo )

Covid: 1726 mortes, a jornada de mais vidas perdidas da pandemia

     Foi o maior salto de óbitos em relação à marca anterior - desta feita, 144 mortos a mais do que em 25 de fevereiro, que tinha sido o ápice precedente.  Note-se que segundo recurso estatístico que visa dar uma visão mais clara da evolução da doença o Brasil anotou 144 mortos a mais do que em 25 de fevereiro, o anterior ponto mais alto.

      A nação teve igualmente, e pelo quarto dia consecutivo, a maior média móvel de óbitos pela doença,  com 1.274 - e há 41 dias acima de mil. 

      É o pior momento da crise. As situações críticas repontam em quase todas as regiões do país, sendo que dez capitais  têm UTIs com mais de 90%  de ocupação. Ainda que haja eventuais atrasos de notificação concernentes ao fim de semana, deve-se notar que o dia primeiro de março, segunda-feira, apresentou o maior número de mortes para esse dia hebdomadário no que respeita à toda a pandemia.


( Fonte: Folha de S. Paulo )       

terça-feira, 2 de março de 2021

Covid: panorama visto da ponte, após carnaval e ano novo

     No momento em que novos casos de Covid-19 lotam os hospitais (públicos e privados), em nosso país,  observa-se mudança no perfil dos pacientes nas UTIs. É um momento em que chegam  pessoas mais jovens (entre 30 e 50 anos), e sem embargo mais graves, demandando mais tempo de terapia intensiva.  

      A médica intensivista Suzana Lobo, presidente da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira) relata que até bem pouco a relação era de dois pacientes nas enfermarias para um na UTI. "Agora isso está invertendo em muitos locais. Sugere internações mais tardias, com pacientes mais graves. Talvez por confiança nesses ditos tratamentos precoces, que a gente sabe que não funcionam."

       No Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP), onde Lobo dirige o centro de terapia intensiva, na sexta 26  havia 121 pacientes de Covid na  UTI e 88 na enfermaria. Há um mês, no dia 25 de janeiro, eram 113 na enfermaria e 96 na UTI.

        Ainda não há dados gerais consolidados que expliquem essa mudança de perfil dos pacientes e da doença. Entre as hipóteses estão maior exposição ao virus dos mais jovens (festas carnavalescas), demora em ir para o hospital, circulação de novas variantes do coronavirus,  demora e ir para o hospital e mais uso de recursos terapêuticos de longa duração.

         Segundo o intensivista Ederlon Rezende, chefe da \UTI de adultos : "Há  uma clara percepção nas últimas semanas de que o perfil mudou.  No nosso serviço, os pacientes mais jovens e mais graves têm sido uma constante na UTI".  O infectologista David Uip, do Sírio Libanês,  declara que na prática  clínica o tempo médio de internação dos seus pacientes com Covid-19 na UTI passou de treze para dezessete dias, e a média de idade caíu dez anos.

          "Antes víamos muito mais pacientes agudizados de 60 para cima, agora estamos vendo de 50, mas também ainda mais jovens. Eu internei um estudante de medicina de 22 anos.  Tivemos duas meninas de 36 anos na UTI. Todos saíram vivos", diz Uip. 

           A cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar, professora da USP e médica do InCor tem a mesma percepção. "Estou com pacientes jovens, de 30, 30 e poucos anos, internado, intubados.  Isso a gente não via antes nesse volume.  É paciente de Manaus, de Mato Grosso, de Rondônia, de Brasília, de São Paulo",  diz. 

            Na sua experiência, o tempo de permanência desses pacientes em UTI também mudou.  Em 2020, era de até catorze dias, em média, agora está batendo em vinte dias.

             O médico intensivista Cristiano  Augusto Franke, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre é outro que que observa uma mudança de perfil dos internados na terapia intensiva.

              "É claro que ainda temos pessoas mais idosas, mas antes não víamos tantos jovens sem comorbidades chegando muito graves e com um tempo de internação  prolongado. Isso tem estrangulado o sistema. Estamos com as UTIs lotadas".

               Segundo Suzana Lobo, relatos assim têm  chegado de várias partes do país, embora também  haja serviços que ainda não registraram mudanças no perfil de pacientes. "Mais jovem e mais graves é uma percepção generalizada, já o período de permanência tem variado. Vamos precisar de mais tempo para ter um dado global", declara Suzana.

                 De acordo com ela, há muita variabilidade regional e diferentes estruturas de UTIs. Agora, com a circulação das novas variantes, será preciso avaliar se elas além do potencial de maior transmissibilidade, vão influenciar no maior tempo de internação.

                  Nesse contexto, o intensivista Felipe Bittencourt, do Hospital Guadalupe, de Belém, v.g.,  diz que ainda não houve mudança no perfil de pacientes atendidos. Os mais jovens abaixo de 60 anos representam hoje 28,3% dos internados na UTI. 

                   "Mas é possível que seja apenas uma questão de tempo e de volume de pacientes. Desde o início da pandemia, estamos trabalhando com uma espécie de "delay" epidemiológico, em que a realidade dos serviços e centros de maior volume torna-se a nossa realidade em questão de duas a três semanas", declara.

                    Para Uip, essa mudança no tempo de permanência na   UTI pode ser reflexo  de um maior aprendizado, que envolve  mais possibilidades de recursos terapêuticos e, portanto uma alta mais tardia.     


( Fonte: Folha de S. Paulo )

O incrível Trump

      Ao discursar em evento conservador na Flórida,  Donald Trump voltou a repetir as suas costumeiras inverdades - chegando a afirmar que pode decidir "derrotar os democratas pela terceira vez".

       Usuário que é do preceito de que vale a pena repetir inverdades - não se pejou o máximo expoente do reacionarismo nos EUA,  Donald Trump - de voltar a asseverar que venceu a eleição estadunidense,  Nesse sentido, tornou a atacar  Joe Biden ....

        Trump chega a acreditar  que pela sua reação contra a candidatura (vitoriosa) de Joe Biden,  ele se transformou em uma espécie de porta-voz da direita e, a fortiori, a ser confundido com tudo que rescenda à reação e, por conseguinte, a todas as expressões de negação do status quo, como a infame invasão do Capitólio e as dessecrações decorrentes.

         Daí a apologia desavergonhada à mentira e ao seu paladino,  Donald Trump.  Escusado dizer o quanto essa reafirmação de uma suposta realidade que os fatos desmentem a cada passo tende a criar para a democracia americana desconfortáveis meta-realidades, que são decerto perigosas, por mais que o establishment oficial se recuse a confrontá-las.   


Fonte: nota da Folha "Trump insinua concorrer à Casa Branca em 2024"