Amanhã, 26 de outubro, acontecerá a eleição para prefeito no Rio de Janeiro. O embate entre Fernando Gabeira x Eduardo Paes promete um resultado apertado, com divergências entre três institutos de opinião (Datafolha, vantagem numérica para E. Paes, Ibope, empate e um terceiro, citado por Gabeira, com vantagem para este último). A campanha eleitoral realizada pela coligação de partidos que apóia a Paes não trepidou em recorrer a expedientes questionáveis, e, dentre esses, ressalta a antecipação para segunda-feira, 27, pelo Governo do Estado, do ponto facultativo que comemora o dia do servidor público. A manobra, com intúito de criar um feriadão e assim aumentar as abstenções do segundo turno, revela a um tempo manifesto desrespeito pela data do pleito, e também a admissão de que grande parte dos servidores públicos estaduais não morre de amores pelo Governador Sérgio Cabral e seu pupilo Eduardo Paes. Continuaram, outrossim, as descobertas de panfletos apócrifos divulgados por comitês fantasmas e até pelos próprios partidos que apóiam a Paes, com acusações falsas ou tendenciosas contra o candidato Gabeira. Houve até um panfleto pago pelo PT estadual contra Gabeira importando em gasto superior à totalidade da ajuda prestada pelo PT ao seu malogrado candidato A. Molon...
Com esse pano de fundo de uma campanha agressiva, que não refuga os recursos desleais, não há de surpreender que tambem durante os debates (houve oito) entre os dois candidatos, Paes não se tenha pautado pela estrita obediência a discussão leal e séria das respectivas propostas. Nesse contexto, há dois pontos que desejaria acentuar : (a) em muitas das respostas, E. Paes semelhava um discípulo de Paulo Maluf, sistematicamente ignorando o teor da pergunta que lhe fora formulada, preferindo utilizar o ensejo para repetir acusações contra o seu contendor; (b) seguindo o exemplo de A. Garotinho (que aplicara em pergunta a Lula uma ‘pegadinha’, através de obscura sigla administrativa) tanto no debate da Record, quanto no da Globo, Paes se valeu de perguntas ‘pegadinha’, não com o objetivo de esclarecer questões, mas de colocar em dificuldade o seu adversário. Na transmissão da Record, Gabeira reconheceu o ardil e disso increpou Paes. Já na da Globo, não precisou denunciar o expediente, estando em condições de responder às questões.
Continuou por outro lado Paes a privilegiar as repetidas referências ao apoio prestado a Gabeira pelo atual Prefeito, Cesar Maia. Partindo de antiga ‘cria’de Maia, como assinalou Gabeira, tais ataques beiravam o cinismo. Nesse contexto, Gabeira julgou oportuno apontar, dentre os inúmeros apoios recebidos pelo candidato do PMDB, aquele de Jorge Babu, alegado chefe de milícias na Zona Oeste.
Dada a natureza das duas candidaturas, existe marcada diferença na linguagem, nos temas e nos métodos utilizados. Assim, de uma parte, a campanha de E. Paes – na verdade, criatura do governador Cabral (que conseguiu através de uma singular liminar do TRE até inaugurar mais uma UPA às vésperas das eleições, ocasião na qual não se furtou a acusar falsamente Gabeira de ser o autor da ação que determinara a suspensão, infelizmente temporária, da eleitoreira inauguração) - é dirigida pelo presidente da Alerj, deputado Picciani,e tem o apoio vocal da candidata derrotada do PCdoB, J. Feghali, do próprio Crivella, “candidato do coração do Presidente Lula”- consoante declaração do Vice-Presidente J. Alencar, e de outros mais, menos votados. De outro lado, e em contraposição, o candidato Fernando Gabeira continuou com os dois partidos que o apoiaram no primeiro turno (PV e PSDB), e passou apenas a contar com o apoiamento externo do DEM do prefeito Cesar Maia. Na verdade, a campanha de Gabeira, fundada na ética e em proposta de reforma dos métodos políticos, com ênfase na capacidade e na técnica, transformou-se em um verdadeiro movimento, congregando, ao invés de ativistas pagos, oito mil voluntários. Constitui, sem dúvida, testemunho irrefutável do carisma de Gabeira e de sua credibilidade a grande quantidade de intelectuais, artistas, políticos e empresários que se dispuseram a significar-lhe o respectivo apoio. Para que se tenha idéia da qualidade deste apoio, bastaria citar os nomes de Oscar Niemeyer, Marina Silva, Beto Richa, Paulo Roberto Silveira, Leonardo Boff, Caetano Velloso, Fernanda Torres, dentre inúmeros outros. É importante assinalar que tais apoios transcendem a barreiras partidárias e ideológicas, o que a lista acima demonstra.
Como carioca de muitos anos, desejo que amanhã Fernando Gabeira, pelo mérito de suas propostas, de sua mensagem, tanto de vida, quanto política, venha a ser sufragado pelas urnas. Seria virar uma página e, citando as palavras do candidato, iniciar um encontro com a história. O Rio de Janeiro, como cidade e como símbolo, há muito espera por tal oportunidade.
sábado, 25 de outubro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário