Movimento apartidário de protesto contra irregularidades eleitorais.
Cobertura de O GLOBO e FOLHA DE S. PAULO - 1º NOVEMBRO 2008
O GLOBO e a Rede GLOBO têm comportamento que recorda a sua inicial cobertura dos Diretas Já. Com efeito, o seu Jornal Televisivo das dezenove horas de sexta, 31 de outubro, concedeu mínimo espaço ao movimento de protesto contra os crimes eleitorais, e o espectador menos informado não saberia contra quem ele era dirigido, eis que a locutora nem referiu de que se tratava, nem quem seria o responsável (alegados atos). Neste sábado, o incorrigível órgão situacionista, além de não atribuir-lhe chamada de primeira página, enfurnou a notícia na sua página oito, sob o título “Passeata protesta contra supostos crimes eleitorais”.
De que se tratou ? Realizou-se na tarde de sexta-feira, manifestação de cerca de três mil pessoas, com o objetivo de cobrar do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a apuração das irregularidades eleitorais praticadas pela campanha do candidato vitorioso, Eduardo Paes. Partindo da Cinelândia em passeata, com grande parte dos integrantes vestidos de preto, o Movimento Pró-Democracia seguiu até a sede do TRE, onde entregou documento ao Setor de Protocolo do Tribunal (que estava fechado em função do Dia do Servidor Público).
O protesto se declarou apartidário, e os próprios objetivos do movimento não eram unânimes, eis que uma parte defendia apenas a apuração das irregularidades da campanha de Paes, conquanto outros manifestantes se declarassem perplexos, eis que o discurso não produzia resultados, nem provocava a impugnação da eleição.
Dentre as faixas exibidas, liam-se “Boca de urna ainda é crime”, “Abaixo a Omissão do T.R.E.” e “Não pode haver Paes se há corrupção”.
O músico Tico Santa Cruz discursou no carro de som e criticou o Presidente do T.R.E., Alberto Motta Moraes, que classificara a passeata de “manifestação de perdedor”.
“Vamos mostrar que o perdedor é quem lesa a democracia, a Constituição. Se eles não fizerem nada, é o Rio que vai perder, e eles não vão ter moral para falar nada nas próximas eleições”.
Já a Folha, apesar de ser de São Paulo, colocou a matéria na sexta página e lhe reservou mais espaço do que O GLOBO. Assinala, o que me parece interessante, o fato de que “cinco dias após o segundo turno, a mobilização se tornou um dos maiores atos eleitorais do ano na cidade.” Pablo Leal, um dos seis organizadores, declarou: “Fomos ao TRE e levantamos o que foi apurado no segundo turno como irregularidades. Apresentaram 18 processos, todos contra um candidato. Se o Paes cometeu crimes eleitorais, o problema é dele. O que nós queremos é que se apure o que ocorreu e se defina a punição, se houve irregularidades”.
Contactados pela Folha (a reportagem de O Globo não desceu a tais detalhes), Gabeira afirmou que não compete a ele “avaliar manifestações”. “Nosso setor jurídico está acompanhando a conclusão dos processos”, disse. Elogiou, outrossim, a defesa da campanha limpa nas eleições. Eduardo Paes não quis comentar a manifestação de ontem. (meu o grifo)
Comentário do cidadão. Custa acreditar que um magistrado se haja pronunciado da forma acima descrita a respeito de manifestação que foi ordeira e que apenas requeria a apuração e o julgamento das dezoito transgressões à lei eleitoral acoimadas à campanha do candidato da coalizão encabeçada pelo PMDB. Fomos habituados à prática de que os magistrados não se pronunciam sobre causas sub judice . Afinal, se a efígie da Justiça é a figura vendada, não será acaso para afirmar o seu caráter imparcial ? E é bom recordar que os pratos da balança da justiça estão para pesar não a força política das partes em litígio, mas sim a relevância, fundada em provas, dos respectivos argumentos.
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