Na realidade, o cronista, pela sua conexão com o tempo. não deve jamais admitir que a realidade temporal possa vir a ser sequer posta em dúvida. As tentativas da Parte adversa em contestar a realidade factual não é um simples vezo para influenciar a emissão de juízos válidos. Se discutimos a realidade incumbe aceitar-lhe as injunções maiores.
Se admitirmos que todas as realidades possam a vir ser contestadas, estaríamos entrando em outra estranha dança. Com efeito, quando todos as realidades possam vir a ser contestadas, estaríamos mergulhando em uma outra verdade, eis que tal flexibilização levaria a infirmar qualquer asserção. Pois quando a mentira pode arrogar-se ter condições de contestar as bases de uma discussão factual, tudo o mais pode ser tolerado, com a consequente inviabilização de uma discussão racional.
Não é por acaso, que se devam criar condições para que o julgamento dos fatos seja objeto de condições, tanto estáveis, quando determinadas por ditames sérios e verificáveis. Este apego à observação de certas formas não constitui decerto uma exigência absurda ou até mesmo tentativa de subverter a realidade factual.
Veja-se, por exemplo, que o respeito à forma pode representar uma conditio sine qua non para que um mínimo de lógica possa vir a ser inserido em uma discussão sobre a realidade factual possa vir a ser observado. Será nesse esquema lógico que se insere o pressuposto que a observância de regras básicas será mandatória para o estabelecimento de tais regras.
Porque essas divagações? Estamos presenciando este processo de relativização da verdade de forma clara e cínica na crise da Ucrânia, onde a Rússia busca apagar seu bárbaro ataque a civis e injustificável invasão propondo realidades alternativas ou como dizem os de língua inglesa, "gaslighing" o mundo. Infelizmente a população russa parece ter engolido essa farsa sem pestanejar. Putin e os seus agora fingem indignação quando o resto do mundo mostra não ser tão fácil de enganar.